
Em 17 de dezembro de 1961, um trágico evento abalou a cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, Brasil. O Gran Circus Norte-Americano, aclamado como o maior e mais completo circo da América Latina, foi palco de um terrível incêndio criminoso que resultou na morte de 503 pessoas e deixou mais de 800 feridos, marcando profundamente a história brasileira.
Antecedentes: O Palco da Tragédia se Monta
Estreando em 15 de dezembro de 1961, o circo, sob a propriedade de Danilo Stevanovich, prometia um espetáculo grandioso com sua nova lona de seis toneladas, anunciada erroneamente como feita de náilon. Com sessenta artistas, vinte empregados e cento e cinquenta animais, o circo se instalou na praça Expedicionário, atraindo multidões.
Uma Série de Eventos Infelizes
O descontentamento de um ex-funcionário, Adílson Marcelino Alves, conhecido como “Dequinha”, desencadeou a catástrofe. Dequinha, com antecedentes criminais e problemas mentais, após ser demitido por Stevanovich, jurou vingança. Em 17 de dezembro, junto a José dos Santos, o “Pardal”, e Walter Rosa dos Santos, o “Bigode”, ele executou seu plano fatal de atear fogo ao circo.
O Incêndio: Uma Tragédia em Chamas
Às 15h45, com o circo lotado e o espetáculo perto do fim, a trapezista Nena, irmã de Danilo, notou o incêndio. Em poucos minutos, as chamas, alimentadas pela lona de algodão revestida de parafina, consumiram tudo. A fuga desesperada foi parcialmente auxiliada pela ação involuntária do elefante Sema, que, ao arrebentar parte da lona, abriu um caminho para o público. A tragédia foi agravada pela greve médica no estado, exigindo esforços extraordinários para atendimento aos feridos.
Consequências e Justiça
As investigações levaram à prisão de Dequinha e seus cúmplices. Em 1962, Dequinha foi condenado a prisão e internação em manicômio judiciário, mas acabou morto em 1973 após fugir da prisão. Seus comparsas também receberam penas severas. A tragédia exigiu um esforço monumental de resposta da comunidade, com médicos, militares e voluntários se unindo em socorro às vítimas.
Impacto Cultural: Memória e Representação
A tragédia foi eternizada na cultura brasileira. Em 2006, o programa “Linha Direta Justiça” da Rede Globo recontou o incidente, e obras literárias como “O espetáculo mais triste da terra” de Mauro Ventura e “Vidas em Chamas” de Zezé Pedroza exploraram a história trágica, oferecendo perspectivas diversas sobre os eventos fatídicos.
Conclusão: Uma Cicatriz na História do Brasil
A tragédia do Gran Circus Norte-Americano não é apenas um lembrete sombrio dos riscos de negligência e vingança, mas também um testemunho da resiliência e união em tempos de crise. Continua a ser uma parte crucial da história brasileira, um momento de luto, aprendizado e memória coletiva.