O Teatro Amazonas vai ficar pequeno pra tanta energia artística. É que nos dias 31 de outubro, 1º e 2 de novembro, estreia por lá o espetáculo de dança “Cabaré Chinelo”, uma parceria arretada entre o Ateliê 23, o Corpo de Dança do Amazonas (CDA) e a Orquestra de Câmara do Amazonas (OCA). A direção é de Taciano Soares e Eric Lima, e a promessa é de um show pra mexer com corpo, alma e memória do povo.
A montagem traz de volta a verdadeira história da Belle Époque amazonense, agora em formato de dança-teatro, relembrando um tempo de luxo e sofrimento escondido por trás dos cabarés do ciclo da borracha. A obra é apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e os ingressos estão disponíveis a partir de R$ 50 no site shopingressos.com.br e no Instagram do Ateliê 23 (@atelie23). A classificação é para maiores de 16 anos.
Segundo Taciano Soares, o novo formato traz outras camadas à história:
“O trabalho está fantástico, o espetáculo tem uma camada, uma leitura que não necessariamente a gente via na obra de teatro. São outras formas de contar e, com isso, a gente vê outras possibilidades do ‘Cabaré’ existir, essa é a coisa mais incrível, a possibilidade da gente reconstruir.”
Ele também destaca o empenho do elenco e a força do processo colaborativo:
“O palco é imenso, é capaz de a gente construir de diversas formas a mesma história e a prova disso é o que vai acontecer nesses três dias. Os bailarinos e as bailarinas inteiramente dedicados, disponíveis, atentos na escuta, é um trabalho que o resultado se tornou colaborativo. Eu tenho certeza que vai ser muito surpreendente para quem assistiu o espetáculo de teatro.”
Pra Taciano, unir o Ateliê 23 com o CDA e a OCA é um momento simbólico e desafiador:
“É um grande momento para o Ateliê 23 ter agora essa obra em parceria com o CDA e a OCA, que nos deixa uma sensação maravilhosa de realização. A gente está muito feliz.”
Uma mistura de arte e fé no palco
Essa já é a terceira vez que a Orquestra de Câmara do Amazonas, comandada pelo maestro Marcelo de Jesus, divide o palco do Teatro Amazonas com o elenco do Ateliê 23 pra dar novas formas ao “Cabaré Chinelo”.
“A primeira foi uma versão teatral com música, em que fiz arranjos para a OCA a partir das composições de Eric Lima e, depois, apresentamos ‘O Cabaré’, o musical abriu a série ‘Encontro das Águas’, que promove o diálogo entre diferentes linguagens artísticas. Quem sai de casa para ir ao teatro merece ser tocado, provocado, transformado, é isso que este novo ‘Cabaré’ propõe, novas sensações e novas formas de sentir”, explica o maestro.
Agora, o espetáculo chega com a força da dança:
“Agora, com o Corpo de Dança do Amazonas, o espetáculo ganha uma nova forma, essa é a beleza do ‘Cabaré’, ele se transforma a cada versão. Nesta, seguimos por um caminho mais experimental e improvisativo, a OCA será representada por cinco músicos, dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo, e eu estarei à frente deles não como maestro, mas como mais um músico, tocando e improvisando ao teclado, criando camadas e timbres que expandem o ambiente sonoro do espetáculo”, completa o regente.
História e resistência
“Cabaré Chinelo” nasceu em 2022 como espetáculo teatral e levou o público pra dentro do antigo Hotel Cassina, atual Casarão da Inovação Cassina, reconstituindo a vida das mulheres exploradas e obrigadas à prostituição no auge do ciclo da borracha. A obra virou sucesso de crítica e levou o nome do Amazonas pra todo o Brasil, conquistando prêmios e indicações importantes como o 34° Prêmio Shell de Teatro e o 22º Prêmio Cenym de Teatro Nacional.
A peça foi consagrada no 17º Festival de Teatro da Amazônia, levando os prêmios de “Melhor Espetáculo” e “Direção”, além de indicações para “Melhor Atriz”, “Melhor Ator” e “Trilha Sonora”.
E não parou por aí: o som do “Cabaré” também tomou conta das plataformas digitais, com faixas como “La Muerte”, “Somos o Cabaré”, “Gaita de Gaivota” e “Lobas” estourando nas playlists de Manaus e do Brasil. A música “Eu Sou a Maior”, da personagem Balbina, entrou em mais de mil listas, e “Grito de Conceição” virou um hino entre os fãs.
Mais do que um espetáculo, “Cabaré Chinelo” é uma viagem por dentro da alma da Amazônia — um retrato poético e dançante da força das mulheres, da arte e da resistência cabocla que continua viva, pulsando no palco do nosso majestoso Teatro Amazonas.

(*)Secom






