
Em 21 de fevereiro de 1903 nascia, nos arredores de Paris, a escritora e ensaísta Anaïs Nin (falecida em 14 de janeiro de 1972), filha de um pianista e compositor cubano, e de uma dançarina também cubana, com ascendência franco-dinamarquesa.
Anaïs passou a infância acompanhando o pai em suas excursões artísticas pela Europa, o que criou uma veia cosmopolita na menina. Aos 20 anos começou a escrever críticas, ensaios, ficção e um diário, que escrito durante toda a vida adulta, resultou em dezenas de volumes e transformou-se em um dos documentos de maior importância literária, psicanalítica e antropológica do século XX.
Anaïs foi assistente de Otto Rank, que foi discípulo de Freud, o que influenciou sua escrita, (mais ainda em seus diários) cheia de nuances que valiam como auto-análise psicanalítica.
Henry Miller, amigo e amante (e gigolô) de Anaïs, foi o descobridor dos diários e apontou sua importância na década de 1930, mas “The diary of Anaïs Nin, 1931-1934”, era considerado extremo e só foi publicado em 1966. A coletânea mostra um retrato histórico e pessoal de Anaïs sobre Paris e NY entre as grandes guerras mundiais. Serviu como um libelo para a liberação feminina por abordar de forma erotizada os anseios e angústias das mulheres de então.
Anaïs está imortalizada como precursora das ideias libertárias sobre a mulher e sobre o sexo e isto se deve em parte pelos livros de Henry Miller (Anaïs inclusive prefaciou “Trópico de Câncer”, de 1934 e muito se suspeita de que ela escreveu vários trechos da extensa bibliografia de Miller, conhecido cafetão e explorador).
O círculo de amizades de Anaïs era de admirar e chocar seus contemporâneos, convivendo com espécimes como D. H. Lawrence, André Breton, Antonin Artaud, Paul Éluard e Jean Cocteau.
Anaïs Nin representou o espírito de seu tempo em vários aspectos, antecipando as revoluções sexuais dos anos de 1960 e defendendo o fazer o que se quer e o que se pode fazer, como pode ser visto na frase: “E chegará o dia em que o risco de continuar espremido dentro do botão será mais doloroso que o de desabrochar.”
Leia também: Crônica: Aventuras e jornalismo, 95 anos de Tintin