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Desigualdade Digital: Como a Falta de Acesso à Tecnologia Afeta o Aprendizado de Crianças Vulneráveis

A falta de acesso à tecnologia tem se mostrado um dos principais obstáculos ao aprendizado de crianças em situação de vulnerabilidade no Brasil. Essa carência acentua as desigualdades educacionais, limitando oportunidades e perpetuando ciclos de pobreza.

 

 

Impacto da Falta de Acesso à Tecnologia no Aprendizado

 

De acordo com dados da pesquisa TIC Kids Online 2019, aproximadamente 4,8 milhões de crianças e adolescentes brasileiros não tinham acesso à internet em casa. Essa desconexão impede que esses estudantes utilizem ferramentas digitais essenciais para o aprendizado moderno, dificultando o acompanhamento das atividades escolares e o desenvolvimento de habilidades tecnológicas fundamentais para o mercado de trabalho atual.

Durante a pandemia de COVID-19, essa realidade tornou-se ainda mais evidente. Com a suspensão das aulas presenciais, a educação remota tornou-se a principal alternativa. No entanto, muitos estudantes de escolas públicas enfrentaram desafios significativos devido à falta de acesso à internet e a dispositivos adequados para o ensino a distância. Essa situação resultou em perdas de aprendizado e aumento das taxas de evasão escolar.

De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, 93% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos são usuários de internet, totalizando cerca de 25 milhões de indivíduos. A mesma pesquisa indica que aproximadamente 23% dos usuários de internet nessa faixa etária acessaram a rede pela primeira vez até os 6 anos de idade, um aumento significativo em relação aos 11% registrados em 2015. Na faixa etária de 0 a 2 anos, a proporção de crianças usuárias de internet saltou de 9% em 2015 para 44% em 2024.

 

Estatísticas Globais

 

Desigualdade de Acesso: De acordo com um relatório do UNICEF e da União Internacional de Telecomunicações (ITU), 58% das crianças em idade escolar das famílias mais ricas têm acesso à internet em casa, em comparação com apenas 16% das famílias mais pobres.

A mesma disparidade também existe entre os níveis de renda do país. Menos de 1 em cada 20 crianças em idade escolar de países de baixa renda têm conexão com a internet em casa, em comparação com quase 9 em cada 10 crianças em países de alta renda.

 

Políticas Públicas para Reverter o Cenário

 

Embora os dados mostrem avanços no acesso à internet entre crianças e adolescentes, especialmente no Brasil, ainda há desafios significativos a serem enfrentados, especialmente entre as populações mais vulneráveis. A implementação de políticas públicas eficazes é essencial para garantir que todas as crianças tenham oportunidades iguais no mundo digital.

Para mitigar os efeitos da exclusão digital e promover a equidade educacional, diversas políticas públicas têm sido implementadas:

 

  1. Programa de Inovação Educação Conectada: O Programa de Inovação Educação Conectada (PIEC) foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2017 e tem como objetivo universalizar o acesso à internet de alta velocidade nas escolas públicas e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica.
  2. Distribuição de Dispositivos Eletrônicos: Iniciativas governamentais e parcerias público-privadas têm viabilizado a entrega de tablets e notebooks para estudantes de baixa renda, garantindo que possam acompanhar as atividades escolares remotas e desenvolver competências digitais.
  3. Formação de Professores: Investir na capacitação docente para o uso eficaz das tecnologias digitais é essencial. Programas de formação continuada têm sido implementados para que os educadores possam integrar ferramentas tecnológicas em suas práticas pedagógicas, tornando o ensino mais atrativo e relevante para os alunos.
  4. Educação Digital em Contextos Vulneráveis: Projetos da iniciativa privada têm demonstrado avanços significativos no avanço da aprendizagem e na implementação de programas de educação digital adaptados às realidades locais.

 

A efetividade dessas políticas depende de uma implementação consistente e de investimentos contínuos. Garantir que todas as crianças, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso às ferramentas tecnológicas necessárias é um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Adriana Ramalho é bacharel em Direito, política (vereadora em SP 2016/2020), ativista social e palestrante sobre combate a violência doméstica, alienação parental, empreendedorismo feminino, e saúde mental.

 

(Adriana Ramalho)

 

Fonte: AL9 Comunicação

 

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