
Em 21 de maio de 2012, um ataque suicida devastador abalou Saná, capital do Iêmen. O alvo foi um grupo de soldados do exército iemenita que ensaiava para o desfile militar anual do Dia da Unidade, comemorado em 22 de maio desde 1990 para marcar a unificação do Iêmen do Norte e do Iêmen do Sul como República do Iêmen. A ação terrorista foi reivindicada pela al-Qaeda na Península Arábica (AQAP), afiliada da Ansar al-Sharia.
Antecedentes
O ataque ocorreu dez dias após o início de uma ofensiva do exército iemenita contra a al-Qaeda na província de Abyan, no sul do Iêmen. A AQAP havia assumido o controle de várias cidades na região desde maio de 2011, aproveitando a instabilidade provocada pela Revolução Iemenita de 2011-2012. Na semana anterior ao atentado, o governo do Iêmen intensificou suas operações contra a al-Qaeda com ataques aéreos e terrestres, resultando em dezenas de baixas, incluindo civis. O ataque também foi uma retaliação aos bombardeios com drones americanos no Iêmen.
O Ataque
A tragédia se desenrolou na Praça Sabin, próxima ao palácio presidencial, durante os preparativos para o ensaio do desfile. O homem-bomba, um soldado disfarçado, usava um cinto de explosivos. Ele detonou os explosivos pouco antes da chegada do ministro da Defesa Muhammad Nasir Ahmad e do chefe do Estado-Maior Ali al-Ashual, causando uma “terrível carnificina”. Testemunhas descreveram cenas de horror com membros espalhados pelo chão e soldados feridos amontoados, cobertos de sangue. Inicialmente, foi relatado um número de 90 mortos e 222 feridos, mas o balanço de vítimas aumentou para mais de 120 mortos e quase 350 feridos no final do dia.
Consequências
O ataque sobrecarregou as instalações médicas de Saná, com relatos de dezenas de vítimas paralisadas. A maioria das vítimas eram membros da Organização Central de Segurança, uma força paramilitar comandada por Yahya Saleh, sobrinho do ex-presidente Ali Abdullah Saleh. Horas após o ataque, Yahya Saleh foi destituído de seu cargo por decreto presidencial.
Este trágico evento marcou um dos momentos mais sombrios da recente história do Iêmen, destacando a brutalidade dos conflitos e a vulnerabilidade da região frente ao terrorismo.