
No último dia 15 de agosto, o Brasil celebrou o Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Este foi um momento oportuno para refletirmos sobre a importância de preservar e conservar nossos centros históricos, que carregam consigo um legado cultural e arquitetônico inestimável. A arquiteta e urbanista Melissa Toledo compartilha suas reflexões e sugestões para um futuro mais integrado e equilibrado para essas áreas tão significativas.
A discussão sobre os centros históricos, especialmente o Centro Antigo, é constante e muitas vezes politizada. “Todos parecem ter uma solução mágica, mas a verdade é que a reabilitação urbana não é algo que acontece de um dia para o outro. É um processo que demanda planejamento e reflexão,” afirma Toledo.
Reabilitação Urbana e a Herança Clássica
A arquiteta traça um paralelo histórico com a antiguidade clássica, especialmente com Roma, que soube equilibrar o passado e o presente. “A reabilitação urbana é uma conciliação entre o que foi deixado pelo império clássico e as necessidades do mundo contemporâneo. Roma conseguiu integrar o legado grego, criando uma continuidade que nos proporciona lições valiosas até hoje,” explica.
Para Melissa Toledo, a preservação e a conservação do patrimônio histórico dependem de um planejamento integrado e contínuo. “Temos vários exemplos no Brasil que ilustram isso, como a Praça Coppola e o Hospital Matarazzo em São Paulo, que são modelos de como espaços podem ser preservados e adaptados às novas funções sociais,” destaca.
Segundo Melissa, preservar, conservar e restaurar envolve um entendimento profundo das leis que regem esses espaços. Ferramentas como o IPTU progressivo são essenciais para promover a renovação dentro do tecido patrimonial. Ela também ressalta a necessidade de planos diretores específicos para cada centro histórico, considerando suas particularidades.
A preservação do patrimônio histórico é uma responsabilidade compartilhada entre poder público e sociedade civil. É preciso uma participação transversal, onde todos os atores envolvidos colaboram para um planejamento integrado de reabilitação patrimonial.
Impactos Socioambientais e Legado
Toledo cita a carta do cacique Seattle para destacar a importância da preservação do patrimônio natural e histórico. “A preservação é um legado que deixamos à sociedade. Como diz a carta, ‘a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra’. Essa reflexão é essencial para entendermos nosso papel na conservação dos centros históricos,” ressalta.
Educação Patrimonial
A arquiteta também reforça a importância da educação patrimonial desde a infância até a vida adulta. “É crucial ensinar a importância da preservação e conservação nas escolas, para que toda a sociedade se sinta parte desse processo,” conclui.
Neste Dia Nacional do Patrimônio Histórico, as reflexões de Melissa Toledo nos lembram que a preservação dos nossos centros históricos é um desafio complexo que exige planejamento, participação da sociedade e uma legislação adequada. Através de um esforço conjunto, podemos garantir que o legado cultural e arquitetônico desses espaços seja preservado para as futuras gerações.