
No dia 18 de dezembro de 1977, uma rota que deveria ser de prazer e expectativas transformou-se em tragédia. O Voo SA de Transport Aérien 730, um voo charter que ligava Genebra, na Suíça, ao Funchal, na ilha da Madeira, Portugal, se transformou em um dos momentos mais sombrios da aviação.
A aeronave, um Sud Aviation Caravelle 10B, prefixo HB-ICK, estava em operação desde 1965, acumulando mais de 21 mil horas de voo. Pertencente à empresa suíça SA de Transport Aérien (SATA), era um dos exemplares remanescentes de uma era de jatos comerciais que, aos poucos, cediam lugar para a nova geração de aeronaves.
O Voo 730 foi concebido para atender à demanda turística, mas seu destino tomou um rumo inesperado durante a aproximação para o pouso no Aeroporto do Funchal. Por razões ainda desconhecidas, a aeronave ultrapassou o ponto de aterrissagem, caindo no mar a poucos quilômetros da pista de pouso designada.
Dos 57 ocupantes a bordo, 35 passageiros e uma aeromoça perderam suas vidas, afogando-se no impacto, enquanto 17 passageiros e os 4 membros da tripulação restantes conseguiram sobreviver ao desastre.
O percurso da aeronave, desde sua fabricação até o fatídico momento, revela uma história complexa. O Caravelle, fruto do incentivo do governo francês para desenvolver um jato similar ao de Havilland Comet, marcou uma era na aviação comercial. No entanto, com o surgimento de novas tecnologias e a preferência por outros modelos, como o Boeing 727, o Caravelle foi gradualmente aposentado pelas principais companhias aéreas.
A tragédia do Voo 730 não teve prenúncios durante o voo tranquilo que antecedeu o acidente. A aproximação à Madeira sob condições climáticas favoráveis indicava um pouso seguro. No entanto, a comunicação final entre a torre de controle e a aeronave foi também o último elo antes da queda.
O impacto na água foi descrito como relativamente suave, mas a estrutura comprometida fez com que a aeronave afundasse rapidamente, surpreendendo passageiros e tripulantes. O resgate foi desesperadamente ágil, com embarcações lançadas ao mar para salvar os sobreviventes. No entanto, 36 ocupantes, incluindo um tripulante, desapareceram junto com a aeronave.
Até hoje, os corpos e os destroços permanecem submersos, testemunhas silenciosas de uma das mais trágicas ocorrências da aviação civil. O mistério que envolve as circunstâncias exatas do acidente permanece, mantendo viva a memória e o respeito por aqueles que perderam suas vidas naquele fatídico dia 18 de dezembro de 1977.