
MANAUS – Para celebrar a folia e o bem-viver carnavalesco, o Bloco da Cobra Grande movimenta o centro histórico de Manaus no sábado de carnaval, (1º de março), a partir das 17h, na Av. 7 de setembro, Praça Dom Pedro II. Contemplado pelo edital Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), da Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), o Bloco da Cobra Grande 2025 apresenta o tema “Um carnaval TransAmazônico”, promovendo um encontro entre a música do Amazonas e da Paraíba.
A programação gratuita conta com shows de Casa de Caba, Antônio Bahia e Ravi Music On, artistas da cena musical manauara. Da Paraíba, Escurinho e Elon se apresentam pela primeira vez em Manaus. A festa será comandada pela artivista Maria do Rio Negro Kaxinawá e a multiartista ÍSIS DE MANAUS.
Para a produtora Patrícia Borges, o evento traz a proposta de associar o termo Transamazônico à energia do carnaval e a um intercâmbio entre a cena de música independente de Manaus e de João Pessoa.
“Para muitos, a BR-230. Para nós, carnaval e um intercâmbio cultural. A Paraíba é um estado que me acolhe para estudar e me inspirou a pensar numa edição que fomenta a música preta do Norte e do Nordeste. Escurinho é uma entidade, um mestre da musicalidade brasileira. Elon é um dos maiores nomes da música contemporânea paraibana, está com o show EXTRAVIADO em circulação por diversas capitais do país. É uma alegria muito grande ter esse projeto contemplado com recursos públicos e poder receber aqui em Manaus esses artistas com os quais tive conexões ancestrais”, explica a produtora.
Além dos shows, o evento contará com espaço gastronômico, incentivando empreendimentos da economia criativa e mobilizando uma equipe de músicos e produtores independentes. Os shows terão tradução simultânea em Libras e uma ação experimental de audiodescrição
Sobre o Bloco da Cobra Grande:
O Bloco da Cobra Grande foi a novidade do carnaval de 2020 em Manaus. Propõe fomentar as produções de música independente e autoral da cidade no período do carnaval. O formato inicial era de um evento privado, em clube fechado, para garantir segurança e conforto aos brincantes. Com a renda adquirida pela venda dos ingressos e apoio de empresas parceiras buscamos remunerar uma rede de trabalhadores da cultura e empreendedores da economia criativa.
Agenor Vasconcelos, produtor executivo, conta que o Cobra Grande é inspirado no “Eu acho é pouco”, bloco de rua tradicional de Olinda (PE), com adaptação a um mito da região amazônica.
“O mito da cobra grande circula há, pelo menos, 4 mil anos entre os povos indígenas do Alto Rio Negro. Segundo esse mito, os primeiros humanos viajaram dentro desse animal mítico e foram “desovados” em cantos estratégicos. Conforme saíam da cobra, fundavam comunidades com muita festa e dança. A cobra grande é a origem de toda diversidade humana. É um conceito democrático que valoriza nossa cultura”, explica Agenor.
Sobre as atrações:
- Apresentadoras:
Maria do Rio Negro Kaxinawá (Manaus, outubro de 1996) es una escritora, roteirista, atriz, poeta, pensadora, cineasta amazonense, crítica y activista LGBT afro-indígena por los direitos das pessoas animais e naturezas, actual diretora executiva da Associação-Escola Encontro das Águas, trabalhando com plantas medicinais, artesanatos, percussão, grafismos corporais, rodas de diálogo e projetos artísticos-culturais.
ISIS de Manaus é cineasta (associada da APAN), apresentadora, mestre de cerimônia, cantora, compositora, dançarina, produtora, atriz e acadêmica de teatro da Universidade do estado do Amazonas (UEA). É gestora da Pedra de Fogo Produções, onde desenvolve projetos independentes multilinguagem e transmídia.Também possui graduação em Engenharia Civil.
Músicos:
- Escurinho:
Percussionista, compositor e cantor, estuda a música nordestina desde a década de 70, quando fundou com o compositor Chico César o Grupo Ferradura. Autor de trilhas para teatro, já tem gravado cinco cd’s – Labacé (1998), Malocage (2003), O Princípio Básico (2013), Ciranda de Maluco Vol I (2015), O Bom é Tomar Cuidado (2022), e um dvd “Toca Brasil” gravado ao vivo no Itaú Cultural. Interprete performático, Escurinho traz em sua música uma poesia urbana de caráter social, numa fusão de ritmos que vai do xote ao reggae; do experimentalismo ao rock; do forró ao baião; do caboclinho ao boi de reizado; dos ritmos afros e tribais, do maracatu ao coco de embolada.
- Elon:
É um dos destaques da cena independente da música paraibana contemporânea. Seu trabalho tem como ponto de partida a musicalidade do alto sertão paraibano, assim como também a poética de uma vivência queer. Experimentando sonoridades, Elon se apropria de uma estética pop para fundir ritmos nordestinos com elementos de rock’n’roll e afrobeat, abraçando uma poesia cotidiana sobre amor (ou desamor), temas sociais, existenciais e narrativas sobre um ‘sertão queer’. Encontra sua singularidade na conversa entre suas raízes e a música do mundo, tendo, a partir desse lugar (geográfico e de fala), construído um projeto que representa um sertão resistente e místico, brincante e seresteiro. O show de Elon no Cobra Grande 2025 compõe projeto de circulação contemplado no edital FUNARTE REDE DAS ARTES – Programa de difusão nacional – Bolsa Funarte de Música Pixinguinha.
- Casa de Caba:
Originária de Manaus/AM e liderada por Magaiver Santos, a banda Casa de Caba carrega consigo uma reflexão do processo de urbanização acelerado e caótico no coração da Amazônia, explorando a música afro brasileira e submetendo-a à fusão com diversos outros segmentos. Na formação atual estão: Magaiver Santos, compositor, voz e violão; Jeorgio Claudino, voz e guitarra; Samir Torres, voz e baixo; Paulo Pereira, percussão; Erika Tatiane, percussão; João Carlos Ribeiro, bateria; Cleumir Leda, flauta, saxofone e guitarra e Diogo Navia, flauta.
- Ravi Music On:
DJ que viaja por diversos gêneros musicais que vai da música eletrônica como “Rock Doido” , “Techno Funk”, ao “Axé music”, ” Marchinha de Carnaval”, “Samba”, “Maracatu”, “Carimbó”. Estudou na Academia Internacional de Música Eletrônica de Curitiba/PR – AIMEC e DJ BAN em São Paulo/SP. Idealizador do “Tacapeia Manaus”, o qual ocupa praças no Centro Histórico de Manaus e “@batucazonia “, projeto de criação de música eletrônica com ênfase em músicas da religião Nagô e sons da Amazônia.
- Antônio Bahia:
Bahia em ioroubá significa pai e mãe. São 25 anos de carreira, iniciados no Teatro Amazonas como contra regra, estudado teatro e música, e tido experiência com cinema e TV. Já morou em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Atualmente vive e se apresenta nos bares, teatros e casas de shows de Manaus.