Icone dos Carnavais de Manaus e referência na música popular amazonense, a banda Blue Birds comemora 58 anos de história com um show especial nesta terça-feira (17), às 20h, no Teatro Amazonas, no Centro de Manaus. Reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Amazonas, a banda convida o público para uma noite de celebração e solidariedade: a entrada será 1kg de alimento não perecível, que será doado ao Instituto Filippo Smaldone.
O espetáculo terá um repertório recheado de clássicos que marcaram as décadas de 1960, 1970 e 1980 — justamente o período que acompanha a trajetória da Blue Birds. No palco, os 12 músicos da banda recebem o cantor Felício como convidado especial para interpretar cerca de 30 sucessos nacionais e internacionais, com destaque para músicas de Roberto Carlos. “Vamos tocar apenas canções da nossa época, aquelas que o público conhece e gosta de cantar junto. É um repertório para reviver boas lembranças”, afirma Beto, líder da banda.
A origem da banda
A história da Blue Birds começou com a iniciativa de Lúcio Hernani Cavalcante, um jovem manauara que, inspirado por apresentações de bandas de rock em Fortaleza, trouxe a ideia para Manaus. Sete amigos do bairro aceitaram o desafio, e assim nasceu a banda que faria história na capital amazonense.
Desde o início, o grupo adotou uma postura profissional rígida. “Sempre fomos muito bem orientados: músico é um profissional como qualquer outro. Tem que ter responsabilidade, não pode trabalhar bêbado, nem usar drogas. Essa disciplina foi fundamental para a nossa trajetória”, destaca Beto.
A força de uma parceria
Um dos capítulos mais marcantes da história da Blue Birds foi a parceria com o empresário Umberto Calderaro Filho, fundador da Rede Calderaro de Comunicação. Segundo Beto, a relação de confiança e amizade com Calderaro garantiu grande visibilidade para a banda nas décadas seguintes.
“Eu nunca assinei contrato com o seu Umberto. O combinado era a palavra dele. Depois do Carnaval, eu ia ao escritório e ele perguntava: ‘Beto, quanto eu tô te devendo?’. E pagava na hora. Era uma amizade de muito respeito”, recorda.
A presença da Blue Birds nas principais festas carnavalescas de Manaus, promovidas por Calderaro na Avenida Eduardo Ribeiro, na Djalma Batista e, mais tarde, no Sambódromo, marcou gerações de foliões. “Ele era apaixonado pela nossa banda. A gente fazia parte da história do Carnaval dele. Recebíamos o apoio de toda a família Calderaro”, relembra Beto.
Um legado para a música amazonense
Ao longo de quase seis décadas, 182 músicos passaram pela Blue Birds, muitos deles dando os primeiros passos na carreira artística dentro do grupo. “Sempre tratamos todos com igualdade. O cachê era o mesmo para quem estava começando e para os veteranos. O Jackson Colares, por exemplo, entrou jovem, vindo de uma família humilde do São Jorge, e hoje é doutor, professor da Ufam. Isso nos enche de orgulho”, conta Beto.
Música e solidariedade
Para o líder da banda, o show no Teatro Amazonas é mais do que uma comemoração: é uma reafirmação do compromisso com a música e com o público de Manaus. “Enquanto eu tiver saúde e puder tocar, a banda vai continuar. Só vai acabar quando eu morrer… e espero que isso demore muito!”, brinca Beto.
Ele reforça o convite aos fãs e admiradores para prestigiar o evento e contribuir com a campanha solidária. “Queremos que todos participem dessa noite especial, que vai unir música, emoção e solidariedade”, finaliza.
(*) Com informações: A Crítica






