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Estudo traça perfil de mulheres vítimas de violência doméstica no Amazonas

Dados compõem exposição organizada pelo TJAM

Um estudo apresentado pelos Juizados Especializados no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) aponta a dependência econômica como um dos fatores de risco para mulheres que sofreram violência doméstica em 2023, em Manaus.

Os dados ajudam a traçar o perfil das vítimas de violência, que em sua maioria são mulheres negras, que vivem em vulnerabilidade social. e estão presentes na exposição intitulada “Perfil Sociodemográfico das Mulheres em Situação de Violência Doméstica”.

A exposição está sendo realizada no hall do Fórum Ministro Henoch Reis, até esta sexta-feira (08), quando serão concluídas as atividades da “26ª Semana Justiça pela Paz em Casa” (SJPC), período de esforço concentrado que contribui para a efetividade da “Lei Maria da Penha” e reforça a conscientização sobre o combate à violência de gênero.

Exposição funciona até sexta-feira (8) no Fórum Henoch Reis (Foto: Marcus Phillipe)

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Perfil sociodemográfico

Participaram da pesquisa 419 mulheres atendidas pelo “1.º, 3.º, 4º e 6.º Juizados Maria da Penha”. Elas responderam um questionário que ajudou na construção do perfil sociodemográfico.

Conforme a assistente social Celi Cristina Nunes Cavalcante, que atua na equipe multidisciplinar do 1.º e 4.º Juizados Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher e foi uma das coordenadoras do levantamento, o estudo aponta que a maior parte das mulheres (65,8%), sentiram-se mais seguras após buscarem medidas protetivas perante o sistema de justiça. Além disso, 11,2% informaram que o autor da violência melhorou o comportamento com elas.

No entanto, os dados também sinalizam para a questão que a grande parte das mulheres em situação de violência não deseja que o seu agressor seja preso, preferindo que ele tenha tratamento psicológico (45,8%) e participação em palestras e cursos sobre violência doméstica (20,9%).

Segundo a assistente social Rafaela Ramos, da equipe do 3.º e 6.º Juizados Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, que também coordenou o estudo, um dos maiores fatores que leva a mulher a não querer a prisão do agressor é a dependência financeira, por isso ela afirma que conhecer o perfil das mulheres em situação de violência possibilita a intervenção com políticas públicas mais eficazes.

“Com base nos dados direcionamos a intervenção para os grupos de mulheres que estão mais vulneráveis a sofrerem violência. Elas se sentem mais seguras, no entanto, por alguma razão, uma pequena parcela acaba voltando atrás e pedindo revogação da medida protetiva, por questões sociohistórica, como a dependência financeira; emocional; preocupação com os filhos; culpa e medo de prejudicar o outro, fazendo isso parte da construção social de nós mulheres, e queremos intervir para que isso não aconteça e para que elas não continuem sofrendo com a violência”, disse Rafaela.

Motivo da violência

De acordo com os estudos, a violência doméstica contra mulher é multifatorial. No entanto, esse tipo de violência tem raízes culturais profundas e está relacionado à desigualdade de gênero.

A não aceitação da separação e o sentimento de ciúmes representam 42.1%, o que se pode referir ao sentimento de posse por parte do autor em relação à mulher.

Perfil

O estudo aponta que o perfil predominante das vítimas é de mulheres com trabalho informal ou nenhum trabalho; baixa ou nenhuma remuneração; de pele negra (levando em consideração a cor parda e preta); com filhos; sem acesso à moradia formal e com escolaridade até o ensino médio.

Apesar do perfil traçado, entende-se que a violência contra mulher vitimiza todas as classes sociais, uma em maior escala que a outra.

*com informações da assessoria do TJAM

Foto: Reprodução

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